Wednesday, November 17, 2010

Paco de Lucia - Entre dos aguas (1976) full video

Sunday, May 09, 2010

Somos Benfica!! ^^/ ( com Paulo Gonzo)

Sunday, March 21, 2010

Vinicius de Moraes - O Haver

Monday, March 08, 2010

8 de Março: ousar ousar, contrahistoriografia precisa-se! - Hermínia Bacelar

"... o combate da mulher

é um combate da humanidade..."

Samora Machel



Cada vez mais o 8 de Março tem vindo a ser ridicularizado por uns, descontextualizado das suas razões objectivas por outros além de que passou a ser mais um belo dia para o consumo.

Façamos um pouco de história e logo veremos que não podemos deixar o assunto por tão pouco.

Em 29 de Agosto de 1910, na 2ª Conferência das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhaga, foi aprovada a resolução de se organizar, em todas as nações, um dia dedicado às mulheres que tinha como primeiro objectivo, entre outros, lutar pelo direito ao voto. Proposta por um grupo de mulheres americanas socialistas, a resolução foi aceite por todos os presentes de várias nacionalidades, não fixando dia ou mês para tal comemoração. As primeiras manifestações que foram realizadas para celebrar este dia aconteceram sempre por finais de Fevereiro ou Março só se fixando o dia 8 de Março em 1919. Homenageavam-se as operárias tecelãs e costureiras novaiorquinas que, em Março de 1857, haviam morrido queimadas em plena greve por melhores condições de trabalho e redução das 12 horas diárias laborais. Honravam-se as 600 trabalhadoras russas que morreram às mãos da polícia czarista durante a greve dos 86 dias (22/11/1909 a 15/2/1910). Lembravam-se as feministas americanas e europeias que lutavam pelo direito ao voto. Celebrava-se a consciência da desigualdade. Celebrava-se a coragem de tantas mulheres que exigiam pão, paz, condições seguras no local de trabalho, horários compatíveis com a vida familiar e a capacidade humana, direito a intervir nos destinos do seu país pelo voto, direito à educação, direito à igualdade de oportunidades, direito, direito, direito. Desta época destacam-se os nomes de Clara Zetkin, socialista alemã, directora do jornal “A Igualdade”, membro da Internacional Socialista, Alexandra Kollontai, revolucionária bolchevista contemporânea de Lenine a quem se deve a fixação da data no dia 8 de Março. Mais tarde, em 1975, a Organização das Nações Unidas adopta a data para lembrar quer as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres como as discriminações e as violências a que muitas ainda estão sujeitas em todo o mundo.

O rigor de alguns factos que se apresentam carece ainda de investigação isenta, se tal pode acontecer. As interpretações que existem, sobretudo a partir da década de 60 do século passado, valorizam certos acontecimentos e privilegiam intervenientes em detrimento de outros, construindo a história a partir do seu ponto de vista ideológico. Mas uma coisa é certa e é essa que nos faz afirmar que este centenário não pode passar em branco: a resolução de dedicar um dia no ano às causas da mulher é fundamental para a emancipação dos povos.

Muito se avançou neste século no que respeita às conquistas emancipativas da mulher mas sabemos todos que, quer a oriente quer a ocidente, quer a norte quer a sul, a opressão da mulher na vida profissional e na vida privada é uma realidade porque é uma consequência da sua exploração na sociedade tal como o é a exploração dos homens. Falar desta forma nos dias que correm provoca em alguns um sorriso amarelo, sobretudo naqueles que pensam que o questionamento posmodernista e as suas teorizações resolveram os problemas modernistas e fizeram caducar as reivindicações elementares. Grassa por aí uma fraseologia “pacifista” e de “luta pela paz” quando, afinal, todos os dias nos é declarada guerra no local de trabalho, na escola, no escritório, na fábrica, na empresa, no campo, na clínica, no banco, guerra essa que temos vindo a perder por falta de consciência do valor que tem a nossa capacidade de trabalho. O que todos sabemos e não podemos esconder atrás de discursos aparentemente progressistas é que a mulher continua a sofrer na carne a opressão física: baixos salários, horários laborais longos, tardia idade para a reforma, falta de apoio eficaz ou inexistente para os seus filhos, desemprego por ser mulher, desemprego por maternidade, duplicação do horário de trabalho por, na maior parte dos casos, ser responsável por todas as tarefas domésticas e de educação dos filhos, discriminação de género quanto a salários e quanto a cargos de chefia. A lista de situações objectivamente opressivas é longa mas não está completa. Mas não é só fisicamente que sofre opressão, sofre-a também no plano moral e psicológico. É sobretudo entre as mulheres que os poderes da superstição, do obscurantismo, da ignorância mais se alimentam mantendo-as num estado de medo permanente, destruindo-lhes o espírito de iniciativa criadora, liquidando-lhes o sentido de justiça e crítica, reduzindo-as à passividade, à aceitação do estado de exploradas e oprimidas como coisa normal. Deste modo surge o estado da humilhação e do desprezo em que a mulher se habitua a viver aceitando-o como um destino próprio do facto de se nascer mulher. E deste modo as mães educam as filhas e, sem querer, vão perpetuando a condição imprópria da subalternidade.

É esta aparente inevitabilidade da condição da mulher (que hoje ainda continua a ser fomentada em todo o mundo) que conduz à sua alienação relativamente aos assuntos sociais, económicos e políticos por mais leis das quotas que decretem. Claro que a alienação não é só dela, é também do homem pois sofre dos mesmos medos de humilhação, de ser oprimido, de ser despedido, de ganhar pouco por muito trabalho. Os mecanismos usados para o alienarem e assim contarem com a sua passividade são os mesmos e, muitas vezes, eles próprios os usam contra as mulheres suas companheiras, não compreendendo que ambos fazem parte da massa imensa de explorados.

Claro é, se atentarmos à história humana, que esta situação não se verificou sempre. Ela é resultado do facto do Homem ter começado a produzir mais do que necessitava para o seu consumo tendo, de imediato, surgido uma camada minoritária que se apropriou desses bens excedentários iniciando as relações opressivas de uma minoria sobre uma maioria.

Chegados a este ponto da leitura, muitos dirão que este assunto está esgotado, que, olhando à nossa volta, já nada se passa assim. O mundo avançou, as leis laborais evoluiram, a maternidade é respeitada, o voto é um dado adquirido, há muitas mulheres em cargos de chefia emparceirando com homens, só é oprimido quem se deixa oprimir, que o assunto passou a ser do foro privado e cada um é que sabe da sua vida e daquilo de que gosta. E é então que convidamos os leitores a olharem para o mundo, para a situação das mulheres africanas, das árabes, das chinesas, das sul e norte-americanas, tailandesas, coreanas, tantas europeias, licenciadas, mestradas, doutoradas, e observemos os seus estatutos laborais e sociais. Não excluímos da lista o estatuto da mulher portuguesa que, cem anos passados sobre a 1ª República, três décadas passadas sobre o 25 de Abril, continua desesperadamente a ver os seus direitos conquistados a serem subtraídos num abrir e fechar de olhos, tudo em nome de uma crise de que não tem culpa e com a qual não colaborou.

Chega então o 8 de Março e abraçamo-nos e beijamo-nos alienados das razões que motivaram aquelas mulheres que morreram na fábrica de Nova Iorque, das que morreram nas ruas de Moscovo, das que morrem todos os dias por razões étnicas, religiosas, de insalubridade no trabalho, por excesso de esforço, por maternidade, infecções sexuais ou outras, por violência doméstica. Os motivos que levaram à resolução, em 1910, de ser marcado um dia específico para lembrar os problemas das mulheres em todos os países continuam pertinazes, quer os específicos quer os comuns aos homens. Basta olhar à nossa volta.

Vamos continuar assim?

Sunday, January 10, 2010

Johnny Hallyday & Florent Pagny – Pense à moi

Wednesday, January 06, 2010

Zeca Afonso - Maria Faia

Friday, December 11, 2009

Gary Moore with Phil Lynott - Parisienne Walkways (live)

Para saber que as guitarras também falam, cantam, choram, etc... Grande Gary Moore!