Thursday, January 11, 2007

Femina



Não lavei os seios
pois tinham o calor
da tua mão.

Não lavei as mãos
pois tinham os sons
do teu corpo.

Não lavei o corpo
pois tinha os rastros
dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo
a sagrada profanação
do teu olhar
que não lavei.

Nem aqueles lençóis,
não os lavei,
nem os espelhos
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram
cúmplices, e a paixão,
no paraíso,
parece que era.

Lavei, sim,
lavei e perfumei
a alma, em jasmim,
que é tua, só tua,
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:

donde apaguei
todas as ausências
que apaguei
ao teu olhar.


Soares Feitosa

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Magnífico como o poeta transcreve o sentimento mais íntimo que tantas vezes me assolou já...
E Magnífico como para cada emoção, sentimento ou estado de alma tu, Marina, encontras o poema certo... Adorei, de novo.

1/23/2007 4:41 AM  

Post a Comment

<< Home