Sunday, December 10, 2006

Anda vem...


Anda vem..., porque te negas,
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,

Porque esmoreces,

Boca vermelha - rosa de lume?

Se a luz do dia
Te cobre de pejo,

Esperemos a noite presos num beijo.

Dá-me o infinito gozo

De contigo adormecer

Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor

Da tua carne, meu amor!


E ouve, mancebo alado:
Entrega-te, sê contente!
- Nem todo o prazer

Tem vileza ou tem pecado!


Anda, vem!...
Dá-me o teu corpo

Em troca dos meus desejos...

Tenho saudades da vida!

Tenho sede dos teus beijos!

António Botto

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